Nomes Comuns: Canário de Moçambique, Bigodinho, Xirico. Nome Científico: Serinus mozambicus Origem: África, a sul do Deserto do Sahara. Habitat: Zonas abertas e zonas de cultivo. Maturidade Sexual: Embora atinjam a maturidade sexual muito antes, só estão aptos para criar na segunda época de criação após o seu nascimento. Portanto, entre um ano e meio e dois anos. Tentativas de reproduzi-los mais cedo resultam em ovos postos e não chocados, e fêmeas mortas com ovos entalados, pois são muito novas para criar. Duração de Vida: cerca de 10 anos. Distinção dos Sexos: Existe dismorfismo sexual, sendo que a fêmea apresenta uma espécie de ‘colar’ ponteado na zona do pescoço e um amarelo mais esbatido. O macho apresenta uma coloração de um amarelo mais intenso. Dado que existem várias subespécies de Serinus Mozambicus, será importante ter a certeza de que estamos perante um Serinus mozambicus mozambucus e não de outra subespécie sua 'parente', sob pena de estarmos a fazer cruzamentos impossíveis ou indesejados. Temperamento: Durante a época de reprodução são aves algo territoriais e por vezes agressivas em relação aos da sua espécie. Podem ser mantidos em viveiros comunitários em conjunto com outras espécies, não sendo no entanto aconselhável a existência de mais do que um casal por viveiro, sobretudo nos de pequena ou média dimensão. Manutenção em Cativeiro: INSTALAÇÕES Tal como para a maioria das espécies, é condição básica a existência de boa iluminação, de preferência natural e com luz directa. No Passaril Real estamos a fazer reprodução durante a Primavera/Verão do Hemisfério Sul, de onde são originários, e que corresponde ao nosso Outono/Inverno. Por causa disso, dispomos de temperatura e iluminação controladas durante os meses de inverno. Fora da época de criação as aves podem ser mantidas em viveiros conjuntos, ou em gaiolas individuais (os casais). No Passaril Real, até ao presente, temos optado por manter os casais formados sempre juntos durante todo o ano em gaiolas de 1 metro de comprimento, e as restantes aves em viveiros comunitários. ALIMENTAÇÂO No passaril Real usamos como alimentação base a mistura para exóticos que se vende comercialmente. Também damos fruta e alguns legumes e vegetais duas a três vezes por semana. Um vez por semana damos papa de ovo. Grit à disposição e uma pedra de cálcio também são essenciais. Este regime alimentar é alterado sempre que verificamos alguma modificação no estado da ave que assim o determine, bem como durante a época de reprodução. Nesta época, introduzimos também na alimentação a proteína, sob a forma de alimento vivo (Tenébrio e/ou Buffalo). REPRODUÇÂO Os Casais Tal como referido, no Passaril Real mantemos os casais sempre juntos em gaiolas individuais todo o ano - um macho para uma fêmea. No entanto, só na época de reprodução colocamos o ninho e o material para construi-lo à sua disposição. A escolha dos casais é muito importante e determinante no sucesso da reprodução. Sendo estas aves agressivas e territoriais, é também importante que a ‘apresentação’ mútua seja feita com algum cuidado, mantendo as aves durante algum tempo à vista mas sem contacto físico. É importante notar o seguinte: deve-se, sempre que possível, juntar pássaros com idades aproximadas, para que o casal fique 'balanceado'. Machos muito jovens com fêmeas mais velhas não resultam, e vice-versa. Não se deve NUNCA juntar, por exemplo, um macho já adulto e apto a criar, com uma fêmea com menos de dois anos, pois ele certamente 'dará cabo' da fêmea, perseguindo-a, picando-a, e ela não conseguirá responder nem perceber o que se passa, pois ainda não tem maturidade sexual para tal. Os machos são geralmente muito fogosos, chegando facilmente ao ponto de destruir os próprios ovos, mandar os filhos para fora do ninho, para forçar novo cio das fêmeas. Um outro caso que acontece com frequência é o casal deixar de alimentar as crias, quando estas saem do ninho. Esta situação é complicada, e de difícil resolução. Nos casos que tivemos, foi necessário acabar de criar os filhotes à mão. Como tal, é necessário vigilância apertada ao comportamento dos machos e do casal para tomar as medidas necessárias para protecção dos ovos, dos filhotes e das fêmeas. Daquilo que tem sido a nossa experiência, o comportamento do macho é que determina o sucesso ou não da reprodução. E também daquilo que é a nossa experiência, com três casais a criarem em simultâneo, é de que apenas um dos três casais apresentou, durante todo o período de criação, um comportamento 'normal' e equilibrado. Por isso é tão difícil criar os nossos adorados Serinus mozambicus. Época de Reprodução No hemisfério Sul,al, par do qual são oriundos, estas aves escolhem os meses de Setembro/Outubro, que correspondem à primavera local para iniciarem a reprodução. Embora já tivéssemos pensado em ‘converter’ as nossa aves às nossas estações do ano, o seu comportamento natural, quase como um relógio biológico, tem ditado que a reprodução seja feita exactamente no mesmo período que na sua terra natal. Inclusivamente, quanto ao jovem casal que é já a segunda geração de Serinus mozambicus do nosso aviário, a fêmea começou a pôr os ovos antes mesmo de lhes termos posto o ninho, no início do mês de setembro. O 'ritual de acasalamento' dos Canários de Moçambique é um bocado 'bruto', do ponto de vista de quem está habituado a criar por exemplo, canários comuns. São frequentes as 'lutas' entre o casal, e o macho (ou a fêmea) podem reagir agressivamente um para com o outro. O macho persegue a fêmea, que acaba no fundo da gaiola, extenuada, a arfar. A fêmea de início repele o macho, enxota-o e pode agredi-lo fisicamente. É preciso, sempre, muita observação e às vezes, quando mesmo necessária, alguma intervenção da nossa parte, para que as coisas não corram mal. O ninho O ninho utilizado por nós é em cesto, ligeiramente mais pequeno que o dos canários, feito de fibras naturais (no entanto, aceitam bem um ninho em cesto forrado, utilizado na criação de canários comuns). A camuflagem com folhagem diversa, para o que usamos plantas artificiais, é muito importante. Não se deve no entanto esquecer-se de assegurar o bom acesso ao ninho, a fim de verificar o estado dos ovos e crias, bem como de possibilitar o seu respectivo anilhamento. Uma vez o casal formado, inicia-se a construção do ninho, que conta com a colaboração de ambos os elementos. Para material de construção pode ser dada uma das misturas disponibilizadas para canários comercialmente com diversos materiais, de preferência fibras macias. Posturas A fêmea põe normalmente 3 ovos e começa a chocar antes de ter terminado a postura. Por isso, se possível, devem retirar-se os ovos à medida que a fêmea os for colocando, substituindo-os por ovos de plástico. Assim que a postura esteja terminada, colocam-se então os ovos verdadeiros, permitindo que todas as aves nasçam em simultâneo e possam competir por alimentação em pé de igualdade umas com as outras. Dada a fogosidade de alguns machos, este procedimento é particularmente importante para evitar a frequente destruição dos ovos. Nestas situações costumamos separar o macho da fêmea, colocando no meio da gaiola um separador de rede, uma vez terminada a postura e antes de colocar no ninho os ovos verdadeiros. Outra opção é separá-los (sempre com o separador em rede, para que se vejam) de imediato, mal se inicie a postura, uma vez que eventualmente nesta altura já todos os ovos estão galados no interior da fêmea. Aos 4 ou 5 dias de choco já é possível ver o embrião com um mira-ovos. Não se deve deixar que os casais façam mais de três posturas/criações por ano, sob pena de desgastar demasiadamente as aves. Filhotes Aos 13 dias de choco nascem os pequenos filhotes. São escuros e têm bastante penugem, não sendo contudo capazes de auto-regular a temperatura do corpo. Uma vez que estamos no nosso Outono/Inverno, um ambiente aquecido é muito importante. Durante os primeiros 5 dias de vida dos filhotes não convém disponibilizar aos pais verduras ou outras fontes de alimentos que possam causar diarreias. É aconselhável neste período dar aos pais um complexo vitamínico e probiótico, (Promocria Extra, da Avizoon). É também por esta altura que costumamos voltar a dar acesso ao ninho aos machos ‘quebra-ovos’, uma vez que costumam cuidar dos filhotes sem causar problemas. Na nossa experiência, os nossos dois machos 'quebra-ovos' mostram-se pais muito extremosos, quando apresentados às crias. No entanto, é preciso observar e intervir, se necessário. O Anilhamento deve ocorrer por volta dos 6 ou 7 dias de idade dos filhotes. A anilha utilizada é a de 2.5. Os filhotes saem do ninho por volta dos 18 dias de idade, permanecendo dependentes dos pais até por volta dos 45 dias. Antes deste período não se deve retirar os filhotes de junto dos pais, sob pena destes adoecerem e morrerem. É importante vigiar as pequenas aves e sobretudo o comportamento dos pais perante estas, uma vez que é comum os pais iniciarem nova postura antes das crias estarem complemente independentes e tornarem-se agressivos perante estas, e inclusivamente arrancarem-lhes penas para forrar o ninho. Se a fêmea fizer nova postura, e os filhotes ainda estiverem a ser alimentados pelo pai, pode-se optar novamente por separar o pai, desta vez com os filhotes, com o separador de rede, e assim que os pequenos estejam independentes, são colocados no viveiro comunitário e o pai, se não for um quebra-ovos, volta para junto da fêmea. Se for um quebra-ovos, fica separado dela na mesma, até que os novos filhotes nasçam. Como se pode deduzir, o período de reprodução é um período muito desgastante para estas pequenas aves. A sua resistência é incrível! Bem tratadas, enfrentam bem esta fase das suas vidas, e têm de ser impedidas de continuarem a criar, tirando-se o ninho após a terceira postura, pois caso contrário, criam até à exaustão. É importante, neste momento, ter respeito pelos nossos pássaros, e deixá-los descansar e recuperar. Os canários de Moçambique são aves muito temperamentais e não é raro acontecerem situações que nos desanimam. A destruição de ovos, o abandono de filhotes e mesmo a morte de jovens após a saída do ninho ou na primeira muda, são coisas para as quais devemos estar preparados. As vitórias sabem melhor quando são difíceis, e casa pássaro destes criado e com a primeira muda superada, é uma vitória. Observação e muita, muita persistência são as palavras de ordem, relativamente à criação destas maravilhosas criaturas. Alguma intervenção pode ser necessária. LEGISLAÇÃO Tendo em conta o Regulamento Comunitário nº 709 / 2010 de 22 de Julho, que altera o Regulamento (CE) nº 338/97 do Conselho relativo à protecção de espécies da fauna e flora selvagens através do controlo do seu comércio, verifica-se que o Canário de Moçambique (Serinus mozambicus) não faz parte dos respectivos anexos. Constata-se assim que para esta espécie, em Portugal, não é necessário CITES ou qualquer Certificado.